por André Lara
Apesar de nos últimos tempos (e de uma forma mais mediática depois da manifestação da “Geração à Rasca”), a juventude ter vindo a desempenhar um papel mais ativo nas mudanças que se querem na nossa sociedade, esta situação tanto pode ser resultado de um aprofundamento e integração dos valores da democracia e da participação nas novas gerações como de uma maior necessidade conjuntural (o desemprego jovem).
Fruto da ausência de uma política de juventude baseada numa estratégia de desenvolvimento, quer a nível autárquico, quer ao nível do poder central, pensamos que os principais entraves ao desenvolvimento de uma cultura de participação juvenil são a falta de motivação por parte dos jovens por não haver uma definição de uma política de juventude e a falta de uma "massa crítica" capaz de fazer desenvolver os projectos (as associações e grupos de jovens).
Neste sentido, pensamos que qualquer política de Juventude deverá incluir sempre como objectivo a promoção da participação juvenil, não só como consumidores do desenvolvimento (concertos, torneios desportivos, etc.), mas também como agentes deste desenvolvimento. É assim na União Europeia, mais ainda deverá ser em Portugal pelas razões anunciadas.
Tendo como primeiro objectivo a Promoção da Participação Juvenil, (não só como objectivo, mas também como metodologia de trabalho) devemos sempre apostar em duas realidades que se complementam: as associações e a participação individual ou de grupos informais. Neste sentido pensamos que se deve apostar primordialmente numa acção concertada entre o poder central e local e os jovens. E para fazer o quê? Após a definição dos objectivos para uma politica de juventude, apostar em dois âmbitos de acção:
1) Âmbito geral (individual, grupos informais, associações)
i) promover uma participação consequente (Assembleia de Jovens, apoio a projectos) em que os jovens sintam que a sua opinião e a sua acção conta;
ii) formação no âmbito da organização de actividades;
iii) formação em temas abrangentes (participação, interculturalidade, sexualidade, empreendedorismo, violência doméstica, consumos, multimédia, etc) de forma a dar conteúdo e objectivos às actividades organizadas pelos jovens;
iv) formação de jovens em competências de liderança;
v) organização de intercâmbios de experiências.
2) Âmbito associativo (associações e grupos informais)
i) formação de dirigentes e apoio à criação de novas associações E como?
- através da educação não formal: acções de formação específicas (desenvolvimento de projectos, criação de associações etc) e outras mais gerais (cidadania e participação na sociedade; solidariedade e educação para o desenvolvimento; Intercâmbios e mobilidade - intercâmbios de jovens, SVE , Erasmus, etc.) utilizando os recursos existentes e sobretudo, aproveitando o know how das associações já existentes;
- aproveitando as novas tecnologias de comunicação e participação (redes sociais, sites, blogs) de uma forma integrada e consequente;
- articulação com as escolas (gabinetes de apoio aos jovens, disciplinas curriculares, etc.).
Para isso deveriam ser alocados além de financiamentos nacionais e locais, os fundos europeus disponíveis (Programa Juventude).