por Alexandre Romeiras e José Carlos Ferreira
Em 1975, dizia o Zé Badalinho, alentejano mais anarquista do que comunista, para quem o queria ouvir:
- Se não nos unirmos, o que isto vai dar é uma social-democraciazinha! E poupem-na!
Chegou a altura em que até a social-democracia e a democracia cristã estão a ser derrotadas, ou pelo menos ultrapassadas.
O gigantesco aspirador financeiro neoliberal que foi montado e está em pleno funcionamento vai vencendo pelo medo quase todas as outras ideologias. A mafia de sanguessugas que comanda esta máquina está a ganhar milhares de milhões.
A insensibilidade total está a despertar as consciências e começa a vencer o medo. Temos portanto de nos unir e procurar prioridades nos propósitos de quem se opõe à barbárie. Temos de recordar nos últimos dias Ferreira Leite e a sua defesa da natureza das pensões de reforma, Freitas do Amaral e as suas propostas de equidade de sacrifícios, Adriano Moreira e a sua marcação da fronteira da austeridade, Mário Soares e o seu apelo ao levantamento popular, o Pe Mário da Lixa e a sua predicação bíblica contra os governantes “política e teologicamente mentirosos, ladrões e assassinos”, intervenções de João Galamba, Heloisa Apolónia, Honório Novo, Luis Fazenda na AR.
Tantos e tantos exemplos, nos auditórios e debates, nos transportes, nas lojas, nos cafés. É necessário apurar alternativas, que são muitas – o grande problema é provavelmente escolher as opções e unir o máximo de cidadãos em torno desses pontos. Unir pessoas, juntar forças, vencer os vampiros!
Propostas:
Procura de uma comunicação, descomprometida dos interesses económicos e financeiros dominantes, que torne clara aos cidadãos a complexidade do ataque de que estão a ser alvo o estado social e os funcionários públicos, gerando defensores conscientes da coisa pública, combatendo a ignorância , o desinteresse e por vezes a hostilidade (ex: denunciar o (ab)uso criminoso de fundos de pensões na bolsa, o escoamento de fundos públicos para privados nas PPP, o outsourcing de quase tudo)
Promoção, por todas as formas, da devolução da dignidade ao Estado, da erradicação de ideias tais como “o Estado é ladrão” (ladrões são os governantes na situação atual). Os ministros não podem bombardear os serviços e atirar culpas aos funcionários do Estado de que eles são gestores e responsáveis!