por Joana Isabel Gouveia da Cruz Dias
Nunca como hoje as escolas receberam alunos oriundos de tão diferentes contextos, apresentando muitos deles graves carências, não só no campo financeiro, como também física e emocionalmente. Consideramos, contudo, que as políticas desenvolvidas pelas autoridades educativas têm vindo a ignorar esta realidade. As iniciativas implementadas no passado, no sentido de atender a alunos em situação de risco, estão hoje postas em causa, graças aos gravíssimos cortes orçamentais de que o Sistema Educativo português tem vindo a ser alvo. Não passam já de meros exercícios burocráticos, de caráter "paliativo", protecionista e paternalista, sendo incapazes de fornecer aos alunos reais ferramentas de superação de fragilidades e de mobilidade social.
Assim, precisamos de uma Escola que:
1º Espelhe e envolva a comunidade em seu redor: que integre e trabalhe a diversidade, nos alunos, no pessoal docente e discente, e nos currículos desenvolvidos; que abra os seus portões a todos, famílias e comunidade em geral; uma escola transparente, na qual todos, de forma construtiva, queiram e possam participar.
2º Identifique e ajude a resolver situações de fragilidade social: que atue como mediadora na resolução de problemas sociais, num diálogo constante com outros organismos de ação social, acelerando os mecanismos disponíveis para solucionar de forma consistente e definitiva essas situações de fragilidade social.
3º Funcione como um motor para o desenvolvimento e mobilidade sociais, fornecendo os jovens de reais ferramentas de emancipação social: que fomente a capacidade de questionar e de pensar criticamente, assim como de SONHAR - e que não se limite a reproduzir conhecimentos, baseados em preconceitos e estereótipos.
4º Promova o espírito de cooperação, de entreajuda e de solidariedade: não só intra muros, mas também para fora deles.
5º Defenda de forma inequívoca os valores da LIBERDADE, da CRIATIVIDADE e da JUSTIÇA, como uma verdadeira bandeira da DEMOCRACIA.
Exijamos então uma Escola que seja não apenas inclusiva, que seja ela própria um instrumento de inclusão social, intervindo na sociedade de forma construtiva, tornando-a mais íntegra e sustentável. É essencial a edificação de um sistema educativo sólido, desenvolvido e monitorizado dentro das próprias escolas. É urgente que se iniciem debates internos, discutindo medidas que vão ao encontro das necessidades específicas de cada contexto escolar, com a participação de toda a comunidade. Pais, professores e alunos partilharão assim responsabilidades, não só na elaboração das decisões a tomar, como também na monitorização e constante reformulação das mesmas.