É possível pôr termo ao ciclo político de destruição do país a que temos assistido nos últimos anos. Embora tenha sido a formação política mais votada, a coligação PSD/CDS perdeu a maioria de deputados e a sua proposta política foi, no essencial, derrotada nas eleições de quatro de outubro.
No entanto, o Presidente da República (PR) tudo fez e tudo tem feito para garantir a continuidade do governo PSD/CDS. Encarregou o ainda primeiro-ministro a «iniciar diligências para procurar uma solução governativa» ainda antes de ouvir os outros partidos políticos. Ao mesmo tempo, revelador de uma cultura antidemocrática e desrespeitadora da vontade livre dos eleitores, tenta excluir o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português de virem a fazer parte da solução governativa.
As actuais conversações entre os partidos com representação parlamentar que procuram uma alteração de políticas configuram um quadro político novo. Desde já, há dois mitos que estão em vias de extinção: o «arco da governação» e a ideia de que os partidos à esquerda do PSD estão condenados a nunca se entenderem. As perspectivas de entendimento com vista à viabilização de um governo com apoio parlamentar dos partidos de esquerda criam, antes, a expectativa de vir a haver acordos políticos sólidos. O Congresso Democrático das Alternativas (CDA) saúda estas conversações, que correspondem às suas razões de ser e à sua fundação.
O CDA considera, por tudo isto, inaceitável que o PR ignore este novo quadro político e que indigite Passos Coelho a formar governo (sem a estabilidade que dizia ser condição imprescindível), ou que tente promover um governo de gestão até à eventual realização de eleições antecipadas. Estas seriam sempre as soluções de maior instabilidade e custos económicos, sociais e políticos, que se impõe evitar.
Apesar dos constrangimentos que dificultam uma governação alternativa para romper com as políticas de austeridade, o CDA considera que estão criadas condições para Portugal iniciar um novo ciclo de entendimento para a promoção de políticas de desenvolvimento económico de cariz humanista e progressista. Condições que exigem um olhar atento e crítico, mas também, um empenhamento de todos no esforço de concretização de uma efectiva alteração das políticas que marcaram a governação dos últimos anos.
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