O recuo do governo na privatização da TAP, com um pretexto pouco credível, corresponde a uma vitória dos portugueses. Perante as condições inaceitáveis de uma privatização com apenas um candidato, uma oferta insultuosa e a pouca transparência do processo, a opinião pública reagiu. E essa reação teve consequências.
No entanto, nem a privatização da TAP é um assunto encerrado, nem devemos esquecer que, já na próxima semana, são tomadas decisões sobre a privatização da ANA. A ANA e a TAP são bens estratégicos. Movimentam milhões de passageiros, asseguram a coesão territorial e a relação com a nossa comunidade emigrante e são empresas cruciais para a nossa principal atividade exportadora: o turismo.
Entregar o monopólio dos aeroportos a uma empresa privada é abdicar ainda mais da soberania económica num momento em que a soberania cambial não existe e até a soberania política está em causa. Não por acaso, a maioria dos países europeus mantem os aeroportos das maiores cidades nas mãos do Estado e companhias com a Lufthansa são controladas por alemães.
Por fim, as privatizações da ANA e da TAP, que geraram meios financeiros de 158 e de 199 milhões de euros, são nefastas para as finanças públicas. No caso da ANA, que tem uma margem de 47%, a decisão é especialmente grave.
O Congresso Democrático das Alternativas congratula-se por esta vitória dos portugueses. No entanto, não nos devemos distrair. É fundamental travar a rapidamente privatização da ANA. Da parte do Congresso Democrático das Alternativas, continuaremos a bater-nos pela defesa da economia portuguesa e do património do Estado. Um recuo não chega. É fundamental pôr fim a este saque à e impedir um processo de privatizações pouco transparente e ruinoso para o País.