União

por Carlos Matos Gomes

O lugar de Portugal na Europa e no Mundo – o título parece ter subjacente a fantasia de uma proclamada ideia de passado de grandeza. Convinha ser substituído pela realidade de pequeno e periférico país europeu. 

Quanto à Europa, a questão colocada à discussão não é a de Portugal ter lugar na Europa, mas de Portugal ser membro de pleno direito da União Europeia, uma entidade política, económica e social, ou abandonar esse estatuto e sair. 

Mesmo que juridicamente seja possível a opção da saída, podemos encarar a possibilidade de, “dada a política neoliberal da UE”, voltarmos a instalar fronteiras de Valença a V.R Santo António, restabelecermos um sistema financeiro nacional, ressuscitar pautas aduaneiras, pedir autorizações de residência para os emigrantes em Espanha, na França, na Alemanha (mais numerosos que a força de trabalho instalada em Portugal) entre tantas outras consequências que, no fundo, conduzem a duas questões: 

1) Portugal pode sair da sua História? É que, desde a fundação (incluindo a bula papal), Portugal foi membro de pleno direito, interveniente ativo e de algum relevo na formação da entidade política, económica, social e cultural que conduziu os estados europeus à presente configuração da UE. 

2) Um pequeno país periférico pode isolar-se, tomar atitudes unilaterais à margem dos seus grandes vizinhos, incluindo o da porta ao lado, a Espanha, e de todos os outros com quem construiu o seu passado e de quem depende no presente? 

Assim, a alternativa ao isolamento e às justas críticas ao modelo económico e social da UE deve ser a da afirmação clara da condição de Portugal como membro de pleno direito da União, da luta no seu interior pelas políticas que façam dela um grande espaço de referência a nível mundial; da busca de aliados europeus para levar à prática políticas comuns mais justas ou adequadas.