por Rita Ramos
Prefiro colocar questões concretas e que revelam a situação real, vivida no dia-a-dia. Vejamos o complemento de apoio à família, no prolongamento de horário na escola. Sou mãe de uma menina de 5 anos, e ela está apenas à minha guarda. Não há infelizmente avós, tios, que possam ajudar. Já tenho de aceitar um emprego mal pago para poder trabalhar de 2ª a 6ª e num horário que a possa levar e ir buscar à escola. Tenho de inscrevê-la num ATL e embora seja do 2º escalão do abono não tenho direito a um ATL comparticipado segundo os rendimentos do agregado familiar. A distribuição deste tipo de apoios é absurda e desigual. Veja-se em Oeiras, por ex., 7 escolas com CAF apoiado e onde as listas dos meninos admitidos é na sua maioria de família do 5º escalão, que mesmo assim pagarão 90 euros (com apoio do Estado), muito menos do que os 110 euros que tenho de pagar com o meu salário de 565 euros, simplesmente porque tenho o azar da escola da minha filha não receber esses apoios.
O apoio é centrado em termos meramente geográficos e não onde estão as famílias carenciadas. As candidaturas ao CAF com apoio do Estado deveriam ser a nível nacional, família a família, e não desbaratado em quem não precisa. Quantas famílias do 1º. 2 º e 3º escalões ficam de fora? Meramente porque na sua área não há protocolos com as associações de pais ou IPSS. Revolta-me ver carros de luxo, com as mamãs a deixarem os seus meninos à porta de uma escola dita IPSS. Já repararam que há mais IPSS nos concelhos mais ricos? No Seixal é um deserto, mas vejam Cascais ou Oeiras.