por Nuno Cardoso da Silva
Unidade à volta de um projecto alternativo a este neo-liberalismo selvagem, é praticamente impossível. Há demasiadas ideologias, demasiados fundamentalismos à esquerda, demasiadas certezas de que “nós” é que sabemos como se faz. Mas pode haver consenso – se se quiser – em medidas imediatas que travem o descalabro e nos dêem tempo para procurar soluções de mais fundo.
Por mim proponho apenas uma:
Aproveitando um equilíbrio das contas externas – ainda que obtido à custa do empobrecimento da população – determinar que o governo português só pagará juros de dívida externa iguais aos que são pedidos à Alemanha.
Os milhares de milhões de euros que se poupariam serviriam para prestar um serviço de saúde adequado, para manter a educação, e para proporcionar investimento a empresas dispostas a produzir mais e melhor para os mercados internos (substituição de importações) e externos.
Equilibrado o barco, recuperado o poder de decisão soberano, teríamos mais tempo para pensar num projecto alternativo que fosse suficientemente consensual.