A dívida não é – ao contrário do que todos os dias pregam os ideólogos e propagandistas oficiais – nem uma fatalidade do destino, nem uma consequência de factores imprevisíveis e imponderáveis, nem, muito menos, resultado de os trabalhadores portugueses terem supostamente “vivido acima das suas possibilidades”. Ela é a consequência da diferença de produtividade entre a economia portuguesa e as economias capitalistas mais avançadas, em particular a alemã, imposta na lógica da divisão internacional do Trabalho no quadro da União Europeia e do papel de sub-colónia que aí foi reservado a Portugal e que decorre do processo de destruição das moedas nacionais, sob o pretexto da criação do euro (que outra coisa não é que o marco travestido), da desindustrialização do essencial dos países europeus e da colocação de Portugal na situação de ser um País que quase nada produz e tem de importar praticamente tudo o que tem de consumir e, logo, a endividar-se permanentemente. Num processo mais agravado com a “nacionalização” dos buracos das gestões financeiras fraudulentas (BPN) e das trafulhices como as PPP’s.
As políticas de austeridade decretadas sob o pretexto do combate à dívida obedecem sempre à mesma receita: cortes brutais nos salários e pensões e nas despesas sociais como as da Saúde, Educação e Segurança Social; aumento drástico dos impostos sobre quem vive do seu trabalho; e entrega, ao preço da “uva mijona”, dos principais activos do País aos grandes capitalistas estrangeiros.
Os resultados dessas políticas suicidárias de austeridade a todo o custo, levadas a cabo pelo Governo PSD/CDS, são o lançamento de sectores crescentes da população no desemprego, na miséria, na doença e na fome e a venda do País a retalho, enquanto a dívida não só não diminui como até aumenta progressivamente, para gozo e enriquecimento dos credores, em particular da Banca alemã. E perante esses desastres anunciados o que o Governo de traição nacional Coelho/Portas faz é – como acabou de fazer – aplicar mais do mesmo.
Ora o Povo português não tem que pagar esta dívida, que não foi ele que contraiu nem foi contraída em seu benefício !
Devemos também dizer com toda a clareza que nós não temos medo de sair (ou de nos fazerem sair) do euro e que não estamos é dispostos a alimentar o euro. E que se tivermos de sair do euro decerto suportaremos alguns sacrifícios, mas não maiores do que aqueles que estão a ser impostos, e que serão o preço da recuperação da nossa liberdade.
Temos já experiência mais do que suficiente de que esta política e estas medidas de austeridade não vão resolver coisa alguma e que, dentro de muito pouco tempo, teremos os mesmos algozes a virem de novo dizer que afinal os enormes sacrifícios já impostos não chegaram e que vão impôr ainda mais!
Ora, a única forma de derrotar essa austeridade e impedir a condenação à fome de milhões de portugueses é derrubar este Governo de Vende-pátrias, que não dispõe já de qualquer pingo de legitimidade, seja ela político-eleitoral, sociológica ou outra e construir um Governo democrático patriótico que rejeite esta política e o pagamento da dívida.