por Priscila Soares
A agricultura é um sector produtivo central, mesmo se muitos procuram subalternizá-lo, reduzindo-o à sua contribuição para o Produto Interno Bruto (PIB). Ao fazê-lo, esquecem o papel imprescindível que desempenha enquanto produtor da maior parte das matérias-primas de que depende a alimentação das sociedades humanas. Omitem, ainda, a componente não monetarizada da produção agrícola, que em algumas sociedades continua a ser fundamental – em Portugal, já representou e pode ainda representar um contributo importante na superação de graves crises sociais e económicas.
Igualmente crucial é a questão da manutenção e aperfeiçoamento de práticas agrícolas e agro-florestais que assegurem a preservação da biodiversidade e a soberania alimentar, favorecendo, em simultâneo, a modelação continuada de paisagens específicas, a permanência de formas de organização social diversificadas e a afirmação de culturas diferenciadas.
Assim, a defesa de modos de produção agrícola respeitadores da natureza e da vida na sua esplendorosa multiplicidade e a luta pelo direito a manter e transmitir as sementes de um território configuram, na actualidade, um combate civilizacional.
Olhando para o nosso país, verificamos que a rápida destruição do sector agrícola e da vida rural está associada a um litoral urbanizado a ritmo vertiginoso, a um interior vazio e velho, pasto para todos os incêndios, e a uma assustadora dependência alimentar, que muito contribuiu para agravar os deficits e o endividamento. Forçoso é reconhecermos que um aumento de custos de transportes ou uma crise no comércio internacional muito rapidamente nos colocariam em situação de fome severa.
Daí que seja essencial, não só produzir alimentos e fazê-lo de forma equilibrada, mas assegurar a sua correcta distribuição. Ora, fomentar a participação do maior número no processo produtivo é uma forma de o conseguir, o que coloca na ordem do dia o problema do acesso à terra. E, numa sociedade profundamente urbanizada, torna-se imperioso garantir a existência de espaços de cultivo dentro ou na proximidade das cidades, sejam hortas urbanas, cinturas verdes ou, muito simplesmente, canteiros produtivos instalados em terraços, varandas e recantos dos jardins.
Uma outra via passa pela criação de circuitos curtos, ligando directamente produtores agrícolas e transformadores agro-alimentares a consumidores instalados num raio de vizinhança, garantindo aos primeiros o escoamento regular dos seus produtos a preços justos, aos segundos o abastecimento com produtos de qualidade a preços acessíveis e a uns e outros a recriação de laços de confiança, sociabilidade e solidariedade.
Subjacente a todos estes temas, a questão fulcral do lugar das pessoas e do seu direito, e dever, a participar na construção das respostas que permitirão modelar novas formas de ser e estar em sociedade.
A agricultura é um sector produtivo central, mesmo se muitos procuram subalternizá-lo, reduzindo-o à sua contribuição para o Produto Interno Bruto (PIB). Ao fazê-lo, esquecem o papel imprescindível que desempenha enquanto produtor da maior parte das matérias-primas de que depende a alimentação das sociedades humanas. Omitem, ainda, a componente não monetarizada da produção agrícola, que em algumas sociedades continua a ser fundamental – em Portugal, já representou e pode ainda representar um contributo importante na superação de graves crises sociais e económicas.
Igualmente crucial é a questão da manutenção e aperfeiçoamento de práticas agrícolas e agro-florestais que assegurem a preservação da biodiversidade e a soberania alimentar, favorecendo, em simultâneo, a modelação continuada de paisagens específicas, a permanência de formas de organização social diversificadas e a afirmação de culturas diferenciadas.
Assim, a defesa de modos de produção agrícola respeitadores da natureza e da vida na sua esplendorosa multiplicidade e a luta pelo direito a manter e transmitir as sementes de um território configuram, na actualidade, um combate civilizacional.
Olhando para o nosso país, verificamos que a rápida destruição do sector agrícola e da vida rural está associada a um litoral urbanizado a ritmo vertiginoso, a um interior vazio e velho, pasto para todos os incêndios, e a uma assustadora dependência alimentar, que muito contribuiu para agravar os deficits e o endividamento. Forçoso é reconhecermos que um aumento de custos de transportes ou uma crise no comércio internacional muito rapidamente nos colocariam em situação de fome severa.
Daí que seja essencial, não só produzir alimentos e fazê-lo de forma equilibrada, mas assegurar a sua correcta distribuição. Ora, fomentar a participação do maior número no processo produtivo é uma forma de o conseguir, o que coloca na ordem do dia o problema do acesso à terra. E, numa sociedade profundamente urbanizada, torna-se imperioso garantir a existência de espaços de cultivo dentro ou na proximidade das cidades, sejam hortas urbanas, cinturas verdes ou, muito simplesmente, canteiros produtivos instalados em terraços, varandas e recantos dos jardins.
Uma outra via passa pela criação de circuitos curtos, ligando directamente produtores agrícolas e transformadores agro-alimentares a consumidores instalados num raio de vizinhança, garantindo aos primeiros o escoamento regular dos seus produtos a preços justos, aos segundos o abastecimento com produtos de qualidade a preços acessíveis e a uns e outros a recriação de laços de confiança, sociabilidade e solidariedade.
Subjacente a todos estes temas, a questão fulcral do lugar das pessoas e do seu direito, e dever, a participar na construção das respostas que permitirão modelar novas formas de ser e estar em sociedade.