"Como assegurar um adequado financiamento das empresas, das famílias e das organizações e qual o papel da banca?". Este é um ponto a que qualquer encontro de gentes de esquerda deve conseguir dar uma resposta, que possa servir de base para o desenvolvimento da economia sustentável que dignifique o trabalho. Nos bancos que são recapitalizados com dinheiro público, o Estado deve fazer parte da sua gestão. Mas como deve o Estado orientar o investimento a partir desses bancos? Para que áreas se deve orientar o crédito? Exemplos:
1) Um Governo de Esquerda deve incentivar a reabilitação urbana, quer em imóveis públicos, quer privados. Libertar esses prédios reabilitados no mercado de arrendamento, fazendo baixar o custo da habitação. Isso envolveria arquitectos, construtores, energias renováveis, etc;
2) Um Governo de Esquerda deve chamar os mais bem preparados e dar-lhes espaço para criar. Através da implementação de “think tanks” lançam-se projectos multidisciplinares para pensar novas formas de organizar, produzir, distribuir e vender, desde bens alimentares até alta tecnologia. Equipas de engenheiros, sociólogos, arquitectos, profissionais de saúde, historiadores, economistas, direito etc., iriam dizer como tornar as planícies alentejanas, ribatejanas e das beiras em regiões de maior produtividade agrícola? Que saúde preventiva permite poupar dinheiro nas urgências? Como diminuir o abandono escolar? Como tornar as nossas cidades mais sustentáveis e mais “consumidoras” do nosso campo? Que organização universitária maximiza a produção científica nacional?
Um Governo de Esquerda, através de condicionalismos inerentes à prestação de ajuda aos bancos privados (e através da banca pública), orientaria crédito para fins que fossem de prioridade nacional, com elevado potencial reprodutivo. Dessa forma, um Governo de Esquerda contribuiria não apenas para a reprodução de investimento, como também para o alargamento da nossa elite intelectual, social e política.