por António Bica
A agricultura está condicionada em Portugal pelo clima mediterrânico de verões quentes, solheiros e secos e invernos de chuva e frio. Como o desenvolvimento das plantas requer calor e humidade, é necessário pela engenharia hidráulica dispor-se de água no Verão para as plantas se desenvolverem, tirando-se vantagem das características do clima que dão melhor qualidade sápida aos frutos e aos seus derivados, se forem observados os cuidados culturais adequados, valorizando-os no mercado, nomeadamente no internacional.
Portugal tem outras condições adversas para a agricultura. O relevo é montanhoso em grande parte do país. A maior parte dos solos tem forte inclinação e a rocha aflora ou quase chega à superfície.
Mas tem condições favoráveis em quase todo o seu solo não agricultável para produção de madeira de que a Europa é deficitária, desde que se tomem medidas preventivas de fogos e de redução dos seus danos, se eclodirem. Se se prevenir os fogos florestais e se limitar os seus danos no caso de eclodirem, a produção de madeira pode aumentar significativamente; as paisagens serão preservadas e melhoradas; reter-se-ão os solos com benefício para a sua produtividade e para a redução da taxa de assoreamento das barragens; aumentar-se-á a fixação de dióxido de carbono (CO2.
Há, fundamentalmente, que reduzir a massa combustível produzida pela vegetação arbustiva, o que é possível por corte roçando-o, por pastoreio conjugando a produção florestal com a pastorícia em espaços ordenados, ou por suficiente adensamento do arvoredo florestal para que a sombra impeça ou dificulte o desenvolvimento da vegetação sob coberto, que é a que mais potencia a progressão dos fogos florestais e separando a floresta em manchas florestais com área razoável divididas por corta-fogos (aceiros) com separações adequadas suficientemente largas (trinta metros ou mais), sem vegetação, a abrir nas linhas de cumeada e assim sempre mantidas, e por divisórias junto às linhas de água com largura adequada (também trinta metros ou mais) compostas por árvores com folhagem em que o fogo não progrida facilmente (castanheiros, amieiros, salgueiros e semelhantes).
Estas são as condições básicas da sustentabilidade económica e social a agricultura no continente do país.