Apresentação pública da conferência
VENCER A CRISE COM O ESTADO SOCIAL E COM A DEMOCRACIA


O auditório do Liceu Camões foi pequeno, a 6 de fevereiro, para acolher tanta gente a assistir à apresentação pública da Conferência "Vencer a Crise com o Estado Social e com a Democracia", que se realizará a 11 de Maio, organizada pelo Congresso Democrático das Alternativas (CDA). Um sinal positivo dado para uma mobilização que se mostra premente e necessária, tendo em vista uma reflexão alargada, séria e participada sobre o Estado Social.

Com intervenções de Boaventura Sousa Santos, João Galamba, Jorge Leite, Maria Eduarda Gonçalves e Tiago Gillot e Manuela Silva, e com mais de 300 pessoas presentes, o Congresso anunciou a Convocatória da Conferência com o apoio subscrito por uma lista inicial de 176 investigadores, personalidades e activistas sociais, aberta desde hoje para subscrição a todos os cidadãos que nela queiram participar.

O futuro de Portugal como país desenvolvido só é verdadeiramente sustentável com um Estado Social mais robusto e mais qualificado, com a valorização do trabalho e o combate ao desemprego. É preciso vencer a crise; vencê-la com o Estado Social e com a Democracia.


Resumo das intervenções (29:46)
 

Intervenção inicial de Manuela Silva, em nome da Comissão Organizadora do CDA (8:32)
 
"O Estado Social é uma condição essencial para vencer a crise. Ao contrário do que nos é dito, agora que o País empobrece dia-a-dia e nos dizem que o Estado Social é um luxo insustentável, nós consideramo-lo antes um indutor de desenvolvimento e que o futuro de um País desenvolvido só será verdadeiramente sustentável com um Estado Social que assegure o bem-estar, saúde e qualificações que permitam assim a criação de riqueza".

Intervenção de Boaventura Sousa Santos (15:27)
 
"Um Estado Social residual significa uma Democracia residual, e que não se aguentará; temos que pensar uma reforma, uma para melhorar, alargar, expandir, um Estado Social robusto que será tão importante no plano social como nos planos económico e político".


Intervenção de Maria Eduarda Gonçalves (15:24)
 
"O que está em causa é uma ameaça de transformação profunda do Estado, do Estado Social e do Estado em geral".

Intervenção de Tiago Gillot (15:57)
 
"As pessoas [trabalhadores a recibo verde] dizem-nos 'a Segurança Social é só pagar, não nos serve para nada'. É um trabalho duríssimo converter essa energia numa energia de sentido oposto, numa energia pela batalha pelos serviços públicos e pela Segurança Social Pública".

Intervenção de Jorge Leite (22:48)
 
"Nós vivemos um segundo PREC. O primeiro era um Processo Revolucionário em Curso, este é um Processo Reaccionário em Curso. (…) Quando se fala agora na refundação do Estado, eu confesso, e já o disse, 'vamos a isso! não vamos apenas ser defensivos, vamos perguntar se o Estado Social que hoje está a agir defende os interesses que a moderna sociedade lhe reclama!'".

Intervenção de João Galamba (18:03)
 
"A direita está a fazer com que a coligação que sustentou politicamente o nosso Estado Social, classe média e classes de mais baixos rendimentos e pobres, se quebre. Como? sobrecarregando a classe média de impostos e introduzindo condições de recurso que excluem prestações sociais, subindo as taxas moderadoras com diferenciações de níveis de rendimento, ameaçando com o co-financiamento na educação. A direita está, assim, a criar as condições para que a classe média se alie aos mais ricos porque percebe que paga cada vez mais impostos e beneficia cada vez menos do Estado Social. Que a classe média defenda a redução dos impostos porque o Estado Social já não é para ela, é só para pobres".