A redução deliberada do Serviço Nacional de Saúde, da Escola Pública e da Segurança Social a sistemas pobres dirigidos aos mais pobres e a sua substituição por um sistema dual - em que o acesso à saúde e a um ensino de qualidade e a garantia de uma pensão de reforma digna são “para quem as pode pagar” - constitui o núcleo fundamental do programa político, não escrito e não confessado, da coligação no poder. Os direitos laborais, a contratação coletiva e o próprio direito ao trabalho, são outro dos pilares da democracia económica e social inscrita na Constituição que também se encontra ameaçado pelas exigências do Memorando e a pretexto dele.
A austeridade, e a “prioridade aos cortes do lado da despesa”, é o argumento “perfeito” para a realização deste projeto político que não foi, verdadeiramente, sufragado. A perda dos pilares fundamentais do Estado Social que, incipiente ou não, é a maior realização da democracia portuguesa, representaria um retrocesso irreparável. A sociedade portuguesa, já de si muito desigual e discriminatória de diversos pontos de vista – rendimento, género, social, territorial, entre outros – corre o risco de fragmentação e reforço das hierarquias sociais.
- Como garantir a universalidade no acesso e a qualidade dos sistemas públicos de saúde e de educação?
- Como proteger o sistema de segurança social?
- Que políticas para o reforço da ciência e do trabalho científico?
- Que medidas tomar para o combate a todas as formas de desigualdade?
- Como reverter a diminuição dos apoios do Estado Social aos grupos mais vulneráveis?
- Como garantir o trabalho digno e os direitos de quem trabalha e reverter as lógicas dominantes de “reforma” da legislação do trabalho?
- Como afirmar a relação entre os direitos laborais e os direitos sociais e de cidadania?
- Que políticas públicas para a Cultura? Como garantir e democratizar o acesso aos bens culturais?
- Que políticas de solidariedade social? Que conflitos e/ou complementaridades coexistem, neste campo, entre os setores público, privado e associativo?
- Como contrariar o despovoamento, o declínio de regiões e a fragilização das pequenas e médias cidades?